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segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Vi ontem um menino transido de fome que estendia as vistas pelas janelas cerradas dos automóveis. Faltava-lhe um dos braços. Sua oração era pedir. Ao meu lado, a mulher que amo, de olhos vivos e mãos delicadas. Amo-a incondicionalmente, que é por seu tempo que encontro paz. Ela, como de costume, acariciava-me a nuca. O amor aumenta a cada carícia. Penso que a amaria mais se aquele menino, cingido de dor, não mais sentisse fome. Se não houvesse criança assim, abandonada em sua esqualidez, o toque da mulher que amo seria mais suave e afetuoso. Seus olhos confundem-se com os daquele menino: olhar humano. Amo-a porque nela existe fé. Amo-a porque, em seu mundo, não há fome.

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