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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Quase ainda


Quase tudo ainda é pleno;
Quase chuva ainda é sereno;
Quase abraço ainda é aceno;
Quase verso ainda é cosseno;
Quase amor é solidão.

Quase noite ainda é dia;
Quase ponte, moradia;
Quase irmão, bastardia;
Quase vida, covardia;
Quase dor é coração.

Quase voz ainda é coral;
Quase dez, duodecimal;
Quase pranto, batismal;
Quase lavra, vindimal;
Quase ser, recordação.

Quase leito ainda é distância;
Quase encontro, circunstância;
Quase luta, consonância;
Quase grito, militância;
Quase sonho, ilusão.

Quase aqui ainda é degredo;
Quase verde, arvoredo;
Quase voo, passaredo;
Quase conto, desenredo;
Quase tempo é cerração.

Quase hora ainda é quando;
Quase sussurro, comando;
Quase mestre, educando;
Quase fim, iniciando;
Quase tela é distração.

Quase ela ainda sou eu;
Quase mito, Prometeu;
Quase pólen, androceu;
Quase queda, apogeu;
Quase frio é floração.

Quase hora ainda é momento;
Quase tempo, firmamento;
Quase um, experimento;
Quase dois, amalgamento;
Quase três é discussão.

Quase espelho ainda é retrato;
Quase desespero é fato;
Quase desamor, contrato;
Quase passo, substrato;
Quase nada é distração.



quinta-feira, 19 de julho de 2012

Surrealismo

       
         Se as passadas não fossem tão sem aprumo, a lembrar os cães de pernas amolecidas e dependuradas que rondavam a rodovia; se não arrastasse a carcaça como se quisesse, a todo custo, obrigá-la a seguir pelo acostamento aferventado pelo pino do meio-dia; se não alegasse conversar com as gentes mortas do lugar, se não tecesse longas palestras com as pedras e os postes; se nada disso distraísse, Faustino por certo seria um dos convivas mais respeitados no lugar por onde se abancava. 
        Filho de um ex-vereador, desde molecote manifestava intenções de correr mundo, conhecer outros países, ser gente de verdade, como dizia sua mãe, D. Generosa, que Deus a tenha em bom espaço. Futuro embaixador, diplomata de primeira linha, era o que o pai previa para o pequeno Faustino, menino curioso das rotas globais, dos idiomas, das capitais. Nas reuniões familiares, o pai, menos para entreter, mais para gabar-se do filho promissor, convocava Faustino e desafiava qualquer um a ventilar o nome de um país para que o menino, de pronto, devolvesse a capital. Síria. Damasco. Noruega. Oslo. Canadá. Ottawa. 
         O pai, pesado de orgulho, escanchava-se na poltrona de couro, regalado por sua promitente cria. 
         Faustino interessava-se cada vez mais nos estudos. Prepara-se vorazmente para as provas do Instituto Rio Branco. Finalmente poderia conhecer todos aqueles países de cujas capitais utilizava-se para impressionar as pessoas. Rapaz de ouro. Filho assim não se pensa mais em ter nos dias de hoje. Que bênção. Que dádiva. Não namora. Há quem diga que não gosta de mulher. Puro despeito de quem não pôs no mundo criatura tão abençoada.         
        Foi pelos dezessete, quase dezoito, que começou a ter as primeiras visões. Eram como vultos, borrões do tamanho de um ente esgueirando-se pelas paredes. De princípio, ignorava, acreditando ser fruto do cansaço por tantas horas de estudo. Mas as aparições ficaram cada vez mais frequentes. Chegavam a tomar formas, traços familiares, como no dia em que jurou ter visto o finado Chico da Boa Vista sentado no alpendre, tomando cachaça e mostrando o único dente que jazia na boca. 
         Não deu muito tempo e os pais perceberam a aflição de Faustino. Não queria mais estudar até tarde da noite, como tinha por hábito. Passou a acender velas por toda a casa. Prostrava-se no meio da sala para rezar, e rezava com vigor, como se a própria existência dependesse daquilo. Aos berros, confessava-se a alguém que ninguém conseguia ver, a não ser Faustino. Ele vê anjos, meu Deus, são os anjos de Nosso Senhor que visitam Faustino. D. Generosa tentava, em vão, conformar-se com tudo aquilo. O pai buscava soluções mais práticas: psiquiatras, umbandistas, exorcistas; nada parecia tirar das costas de Faustino o peso da insanidade.
            É o que dá estudar demais. Enlouqueceu. Melhor internar. 
        Faustino foi levado para uma clínica especializada em distúrbios mentais. Lá, os vultos, até então individuais e, de certa forma, organizados, passaram a surgir aos montes, em expressões semelhantes às dos quadros surrealistas de que costumava achar graça por achar aquilo incompreensível demais. 
           Hipnotizado pelos remédios que lhe eram dados em doses homéricas, apenas observava o que se lhe apresentava: uma renitente desorganização de formas, sons, até mesmo odores.  
          Com o tempo, fora desenganado pelos médicos, que aconselharam aos pais que o mantivessem em casa, sob forte medicação, e que, em hipótese alguma, permitissem que ele saísse sem a tutela de algum responsável, pois isso poderia colocar a sua vida e, principalmente, a de terceiros em risco. 
          Assim foi feito. Faustino tornou-se homem feito quase sem ver direito a luz do sol, a não ser pelos veios luminosos que se lançavam das venezianas. No mais, trancavam-no no quarto por horas, que logo se transformaram em dias, meses. Mal ficou sabendo da morte de D. Generosa. Morreu de desgosto a pobre. Não é qualquer cristão que suporta uma cruz assim. 
           O pai vendera tudo que pôde para bancar o tratamento do filho. Em um final de tarde de domingo, depois de uns goles de zinebra e das lembranças de quando Faustino entretinha os parentes com sua memória aguçada, decidiu pôr fim a tudo aquilo, pendurando-se pelo pescoço nos punhos da rede. 
      Faustino, a partir dali, não possuía mais ninguém que interviesse por ele. O vizinhos, como se realizassem o mais nobre dos atos, livraram-no do quarto. Está livre. Pode ir. Quem vai dar de comer a ele? É de assustar alguém assim rondando pela vizinhança. 
         Sem o cuidado dos pais, pelos escorridos no corpo feito bicho sem dono, unhas salientes e repartidas, rosto grave escondido pela barba espessa; Faustino segue, saco de pancadas dos bêbados, alvo das chacotas dos moleques, motivos das orações das beatas mais antigas. 
          Final de tarde, corre para o mato e conversa com os vultos, que agora são como companheiros, tão incompreendidos quanto ele, tão precitos quanto ele, tão sem amigos e parentes; Faustino descobrira naquelas aparições o mesmo alento de quando os pais estavam vivos. Conta-lhes histórias, diz das viagens que nunca fizera. O céu avermelhado dobra-se para ouvir. As plantas espinhentas encolhem as unhas para não machucá-lo. O gato maracajá, o único da região, aparece só para rir das anedotas de Faustino. Ao lado, o pai, bonachão como sempre, orgulhoso de ver o filho angariando a atenção de todos. D. Generosa contabiliza anjos, que tudo aquilo só podia ser obra de Deus. Os vultos, alguns familiares, outros retorcidos, apenas recebem atentos as palestras de Faustino. O melhor momento é quando ele devolve as capitais. Austrália. Camberra. Não seria Sydney? Faustino ri como nos tempos de menino. 
             

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O surrealismo das infâncias (o mar e a chuva)


           
           A pequena correu em direção ao mar, mergulharia se o pai tão prontamente não interviesse. A chuva morna caía indolente. Que horror essa menina, desatinada mar adentro. E a pobrinha apenas tentava justificar a inconsequência da maneira mais inocente possível. Está chovendo, está chovendo. Entraria na água para escapar da chuva? Pensamento sem lógica alguma, essa garotinha está cada vez mais avoada, na idade dela o Alvinho já dava de tramar algumas maliciazinhas. 
           As críticas advinham principalmente da avó materna. Criara onze filhos com o orgulho de, até aquela altura, não ter perdido um que fosse. Todos vivos e muito bem vivos, os mais velhos já com netos. E as palavras da avó repercutiam no grupo. Tios e primos cochichavam sem o devido zelo de ocultar os comentários. A coitadinha deve ser retardada. Os primos mais velhos contorciam a face e balbuciavam palavras disformes, como para representar a incapacidade mental da garotinha. Mesmo alguns que nada tinham a ver com a conversa davam de olho, apontavam, despendiam todas as piedades do mundo direcionadas à pobre criatura que, na concepção deles, não merecia um destino tão trágico. Afinal, era uma criança, que Deus tenha piedade.  Quantos olhos desfigurariam a menina que tentou entrar no mar para escapar da chuva? 
         Ao perceber os olhares entre piedade e acusação lançados sobre a filha, o pai pegou a menina no colo e seguiu a caminhar calmamente em direção ao mar. A chuva apertava, e o vento fazia a areia bater com força no rosto, nas costas. A filha tem a quem puxar, é um louco, debaixo de um aguaceiro desses. Com os pés espumados das ondas que se estiravam, o pai pôs a pequena no chão, abaixou-se para que seus olhos tomassem os dela. Apenas sorriu, e ela entendeu que não era a única a acreditar em absurdos. 
        De mãos entrelaçadas, os dois caíram na água, que estava fria. Ouviam-se as gargalhadas ensandecidas daqueles loucos, pai e filha. Parecia divertido fugir da chuva mergulhando no mar. Os olhares, antes inquiridores, vagavam curiosos por aquele cenário de profunda alegria. Aos poucos, outros pais  experimentariam levar seus filhos para o mar, fugindo da chuva, e perceberiam a alegria de estar junto e o querer bem necessário à convivência. Apenas a avó materna permaneceria na barraca, sozinha e abrigada da chuva. Alguns dariam de olho e apontariam a velha. A pobre bem que devia estar numa casa de repouso. 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O surrealismo do amor

         
          Havia algo de mar em meus olhos, desde a última vez. Algo sereno, um torpor esverdeado, nada que lembrasse lágrimas, ainda que as houvesse sem a culpa que as torna invasoras, ainda que apenas se alojassem, impressentidas: vistas de longe, reluziriam. É um tempo de profunda estranheza, longe das impossibilidades que finalmente nos afastam; sinto-me guarnecido por uma delicada sensação de conforto que incomoda, como se estivesse em um corredor de hospital prestes a ser medicado, o cheiro forte de álcool ardendo nas narinas, uma apreensão entre fadiga e desaprumo. 
       O amanhã adocicado de que tanto falaste e com que, quase sempre em horas mortas, passou a acostumar-se não se media mais em versos decadentes ou em promessas mirabolantes. Fez-se lancinante como quem se joga à imensidão de um mar ardilosamente convidativo, braços de ondas leves eternamente abertos aos que seguem o destino dos antigos navegadores: morrer pelo orgulho de ir além da dor. E o que existe além disso? O espelho, quem sabe. Um reflexo hostil a lembrar que esquecemos alguma coisa pelos caminhos, ou mesmo que deixamos para trás outros caminhos para vivermos encaixotados em coisas aparentemente seguras e sóbrias. Se é disso que tratam quando transfiguram as noites enluaradas, prefiro as explicações físicas dos fenômenos. Nem mesmo a quântica, poesia vertida para a ciência, arrefece  tamanhos arroubos de esterilidade sentimental. Dois sobreviveriam no mesmo mar, jamais um apenas. E tantos vieram, tomando de assalto os espaços marinhos de que eu, erroneamente, me aclamava dono. As inúmeras tentativas de reagir não surtiram efeito, que esse mar gritava por ser conquistado: dezenas de naus, eivadas de justiça, rasgavam-lhe o manto. Sinto-me intruso, preso a inconsciências há muito destituídas de ilusão; avisto uma ilhota estrategicamente acolhedora. Deito solene à praia. Adormeço. 
        Em sonho, as naus desaparecem, dando lugar a uma profusão de arco-íris por onde deslizam mitológicas criaturas marinhas que me apontam os portos mais seguros. Entre o céu e o mar não mais se veem intempéries, pois são como amantes dos mais indecentes, invertendo posições, girando incessantemente em um cio absurdo. No continente, alguém acena. Os olhos de porvir iluminam a trilha de algas deixada pelos tritões. Ao fundo, dezenas de sereias entoam os mais belos cânticos; durante os tons mais agudos, flechas luminosas disparam de suas bocas e cingem o firmamento com gigantescos círculos de fogo. São como a passagem de ano que nunca tivemos. Ao finalmente atracar, encontro-a nívea como nunca ousaria mostrar-se. A partir daquele instante, não há o que se manifeste em um que não se realize pelo outro, que o medo inexiste.
            O amor, em sua face mais restrita, não passa da simples ausência de medo. Talvez, por isso mesmo, tal forma de sentimento confunda-se com o que é impossível. Não temos tempo para ousadias. Ousar é cansativo e arriscado. Aliás, engana-se quem acredita ser a noite o habitat dos ousados e insolentes. Que mérito há em ser quando todos já o são? Se as gentes decidiram deturpar a normalidade, ousa quem se apresentar como normal. 
           Ama verdadeiramente aquele que se admitir intruso, portador de palavras que a um alentam e aos demais incomodam. Ama o que se deixa levar pelo absurdo das intermináveis viagens pelos mares d´alma. Ama quem aceita a ausência como uma preparação espiritual para suportar os profundos golpes de felicidade que ainda virão. Ama não quem atravessa distâncias, mas quem não as deixa existir. Ama quem memoriza datas, descrevendo com orgulho de mãe cada segundo que circunda os encontros. Ama quem premedita discussões. Ama o que descobre carícias que jamais viriam à tona se não fossem as premeditadas discussões. Ama quem ousa carregar em si a marca dos desbravadores de outrora. Ama quem não acredita no impossível. Ama quem surrealiza.   

terça-feira, 3 de julho de 2012

O surrealismo das rotinas

         
        Meus dedos doem. Aliás, não apenas, mas os ombros, os joelhos, tudo crepitando como uma engrenagem antiga. Creio que não seja a idade, senão o esforço repetitivo. E não existe nada mais doentio do que a mesmice, o marasmo, a vida transformada em um instantâneo sarcástico, esse dejavú perenizado pela rotina que intimida e sacrifica realizações. E os amanhãs não passam de adiamentos do hoje. O que falta é a certeza de um dia que realmente faça valer o posto de amanhã, um dia sem pretensões de dar certo ou errado, mas com a indefectível certeza de que tudo seria novidade, mesmo os olhares mais antigos, as indecências mas visitadas, não importa, pois todas as coisas travestiriam-se de novidades, algumas delas, de tão boas, até merecedoras de virar rotina. 
             Do quarto, ouço os berros inflamados do antigo vendedor de redes, aos domingos, mais religioso em suas intenções do que muitas beatas ratazanas de confessionários. Olha a rede, rede boa, de todo modelo, precinho de oferta. Mesmo a ladainha segue um poético ritual de métrica que se confunde com o ranger de um relógio antigo. A paisagem que emoldura o vendedor de redes também é um convite à acomodação. O velho piteiro, sentado à calçada, sem camisa, escondido sob a fumaça do inseparável pé-duro, cumprimentando os passantes com um grunhido e os olhos arregalados, inquiridores de tudo que agredisse sua invalidez.  A mulher de touca, sem sobrancelhas, de alma ressequida, parando de instante em instante para esticar o pescoço e ouvir as conversar que saíam das casas vizinhas. O menino desobediente, arrastando uma lata de leite em pó presa a dois fios de arame, imitando solenemente o ronco de uma ferrari ou um lamborguini, somente um profundo conhecedor dessas máquinas saberia distinguir, e a mãe do incansável piloto, descasada recentemente, buscando em vão os olhos do pequeno, curvada de remorsos, entregue à sorte de desvendar os tortuosos mistérios da culpa e da solidão. Até o sol, que poderia resguardar os domingos para visitar os parentes em outras galáxias, é o mesmo carrasco de preces nordestinas. 
           No entanto, as coisas lentas que se põem à frente, como num confronto, alertam para os perigos do rompimento das rotinas. Se não houvesse quem julgar, o velho sentado à calçada não teria mais serventia, seria um pária, um expatriado, algo a se descartar. O universo, ao menos aquele que vai de uma esquina a outra, o que se pode atingir desta janela de restos de intenções, esse universo perderia com a ausência desse senhor, pitando seu cigarro e expondo vísceras. O que compreender das profundezas humanas se não fosse a vizinha de touca a divulgar os segredos, empoleirada em sua vassoura feito uma ave de rapina à espreita de algo podre de que pudesse se alimentar. Sem ela, atravessar quintais não seria uma aventura penosa e feliz. O pilotinho e sua mãe abandonada, quase sem vínculo algum, o menino roncando alto, e a mãe balindo seu nome. Se o pequenino, na voz pasmada de um adulto, saqueasse as últimas esperanças da mãe e gritasse um sonoro cale a boca, o mundo desabaria sobre aquele arremedo de mulher. E ela, ao clamar a atenção do menino, não poderia dizer um perdoe-me, filho amado, correndo o risco de reviver no moleque os dias de subserviência e aflição. Deus, quantas rotinas necessárias a essa sobrevida cartesiana que teimamos em levar. 
           Ao menos uma vez, permitam-me criar um quadro surrealista, a começar pelo antigo vendedor. Suas redes, cujos punhos agora eram girassóis enormes, transformaram-se em tapetes voadores, quais os das histórias de Sherazad, e o vendedor proferia versos que se encarnavam em partituras e claves, e não havia mais o silêncio, e todos respondiam ao seu chamado, que aquele homem não mais anunciava redes. A fumaça do cigarro do velho piteiro, aos poucos, tomava forma de uma diáfana dama, enevoada de mistério, e aquele senhor, que há muito não sentia tremores nas pernas, rodopiava horas a fio com a misteriosa moça de olhos ardentes, cor de fumo, bruma morna ao som das rabecas e do pífanos. Do ventre da mulher de touca, surgiam anjos, milhares, entoando cânticos de anunciação, para que, ao final, antes de morrer de parto, ela desse à luz aquele que nos salvaria das indulgências. O menino e sua mãe ganhavam asas e, no céu avermelhado de uma tarde expressionista, brincavam como as duas crianças que nunca deixaram de ser, quebrando vidraças com seus voos impressentidos, puxando os cabelos dos que corriam assustados pela cena, abraçando-se como irmãos de fogueira, fazendo juras de que jamais perderiam o gosto pelos céus. 
          No final, não passa de sonho. As rotinas escrevem a maioria das histórias. Mesmo agora, depois de tanto divagar, penso como é difícil finalizar um texto sem aquele caráter solene e piegas típico de tudo que termina antes do tempo certo. Depois de muito pensar em alguma frase expressiva, decidi por um final que não fosse nem dantesco, nem burlesco. Para não aderir à rotina do texto, não existe mais o que dizer , além de um simples e corriqueiro ponto final, inesperado por seguir-se a uma série de comentários que apontariam para uma suposta conclusão surpreendente. Prefiro que apenas acabe. Pensando bem, essa pode não ser a rotina do texto, mas certamente é a da vida. Que seja.