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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ao poeta de lavras e hinos

Ao mestre Linhares Filho

Tuas cãs em feérica lida
a captar a essência das coisas
e dos seres,
tuas tímidas mãos na moldura verde
a coser vocações no etéreo
olhar dos que, por arrebatamento,
seguem pelos meandros de tua
madura topografia.
Tua nau ainda em desbravo
singra a vida em pulsante faina
que a Poesia, tabernáculo do Ser,
orienta,
em teu peito emerge, lavra e hino,
o grato torrão lavrense, Pasárgada
de rio, alazão e saudade.
Em teu engelhado toque,
inventas um tempo, insumo memorial
de um mundo que recuperas
e colhes.
És presença em Pessoa,
companheiro do alquimista,
de Trás-os-Montes a Lavras
vais em um cavalgamento.
Quando em inexato espaço,
tornas-te ente e preso
no mar ou sótão, no halo ou cio,
no velejar onírico de teu presente
jamais ausente de teu passado.
Transfiguras o simplório, o intelecto
em festa, e em tua modernidade
guias-te pelo farol dos que antes de ti
cumpriram tantas míticas jornadas.
Tua invocação poética, teu talmude,
tua erudição inflexiva, tua apreensão de mestre –
tudo-nada amalgama Ser e Coisa.
Se reinventares, se doares, se ensinares,
apenas se, Linhares.


P.S.: Esse poema fiz em homenagem ao poeta Linhares Filho. Segundo o próprio, será publicado em seu próximo livro. Às vezes, gosto de brincar de ser poeta.

2 comentários:

  1. Adorei o texto! Parabéns! Bela definição de Linhares! Quando sair o livro nos informe.

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  2. Grande escritor meu professor.
    Merece reconhecimento.

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