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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Quase ainda


Quase tudo ainda é pleno;
Quase chuva ainda é sereno;
Quase abraço ainda é aceno;
Quase verso ainda é cosseno;
Quase amor é solidão.

Quase noite ainda é dia;
Quase ponte, moradia;
Quase irmão, bastardia;
Quase vida, covardia;
Quase dor é coração.

Quase voz ainda é coral;
Quase dez, duodecimal;
Quase pranto, batismal;
Quase lavra, vindimal;
Quase ser, recordação.

Quase leito ainda é distância;
Quase encontro, circunstância;
Quase luta, consonância;
Quase grito, militância;
Quase sonho, ilusão.

Quase aqui ainda é degredo;
Quase verde, arvoredo;
Quase voo, passaredo;
Quase conto, desenredo;
Quase tempo é cerração.

Quase hora ainda é quando;
Quase sussurro, comando;
Quase mestre, educando;
Quase fim, iniciando;
Quase tela é distração.

Quase ela ainda sou eu;
Quase mito, Prometeu;
Quase pólen, androceu;
Quase queda, apogeu;
Quase frio é floração.

Quase hora ainda é momento;
Quase tempo, firmamento;
Quase um, experimento;
Quase dois, amalgamento;
Quase três é discussão.

Quase espelho ainda é retrato;
Quase desespero é fato;
Quase desamor, contrato;
Quase passo, substrato;
Quase nada é distração.



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