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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Tem nada não, sou nordestino


Sou nordestino, rosto de barro, mão calejada de lida e esperança. Tenho pés encarnados de piçarra, venho da taipa, do piso queimado, do banho de açude, do avermelhado da tarde, da ponte encoberta de tudo que é mar. Sou nordestino, de corpo franzino, coração e tronco de menino, arteiro, artista, ator; nos meus ombros, sustento o peso do mundo que insiste em negar meu nome, minha cultura, meu lugar. É que esse mesmo mundo só é mundo porque Deus pôs no mundo alguém como eu, que pudesse levar esse mundo para todo canto, cantando e sorrindo, que meu canto é para o mundo que me nega amparo. Sou nordestino, orgulho da caatinga, faminto de justiça, sedento de amparo, amante da Lua, filho do Sol, minha cabeça só não é maior que meu coração. E rio, e choro, e mais rio, que até choro, porque só choro de rir, pois não existe como rir de chorar. Sou nordestino, xique-xique, grosso, rude, espinhento qual mandacuru florado. Peço ao povo brasileiro que me entenda como irmão, mas, se não entender, arre égua, sou nordestino, tem nada não!

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