Sei o tempo que me acua pelos flancos,
as mulheres esquálidas em esperas e esquinas,
as meninas dissimuladas regurgitando a infância.
Sei as coisas que me ocupam a vista,
os relógios suntuosos de inocentes piscares,
os semáforos brutais demarcando os pensares.
Sei a fuga que me invade a face,
os distúrbios pueris em seios e pureza,
a magreza inútil dos passantes e párias.
Sei as folhas, que o vento me carrega,
as tintas e tatuagens maceradas a navalha,
o estampido da palavra malograda e inata.
Sei a vaidade que me oprime,
o mangue vazio de verde entupido de desejo,
a moldura branca cuspida de cores abstratas e mortas.
Sei as naturezas dos que me restaram,
o acalanto de todos os nomes sóbrios,
o plasma de cada gota brotante do grito errante.
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário