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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Nênia


Devorei algo do tempo!
Olhos que há muito tingem a memória, já retinta,
em tantas retida, reescrita,
submergem nas gotas suavemente postas
sobre a face
para sorvê-las todas
e devolvê-las à fonte,
que o apetite é insaciável,
que a fome percorre a veia e redimensiona
o fluxo.
Tudo esvaeceu ao encontrar-te, flor breve,
que em mim reprofunda tua imagem
e repousa um sentimento mitificado por não ser
e ainda tê-la verossímil.
Pela desdita das palavras,
muitos se perderam ao cair de tuas asas,
ruinosos acalantos de ninfa.
Que a lápide de teus passos indicasse
o abrandamento das procuras,
desejaria ter contigo,
porque em mim perdeste o senso
que me pertencia.
Precingiu-me o amor,
vertical e cômodo,
mordaça que o espelho sabiamente nos impõe,
enquanto uma claridade multicolorida
emoldura o ocaso.
  

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