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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

QUADRILHA PARA RECORDAR

O que me compele:
não tua presença,
senão a lembrança,
vestida de afeto,
que eras pequena,
assim sem caminho,
tão longe de tudo,
tão quase moleca,
às vezes encanto,
nas outras, desejo.
Algo me condena
ao ver o teu rosto
de novo irrompendo...
– De novo! De novo!!!
Não sei se de longe
te aprumo tocaia,
te empurro ao passar,
nem olho de lado,
faço por vingança
fingindo um acaso.
É pena que agora
estás noutra e noutro,
não posso mais nada,
somente esperar
se não no decênio
de que me falaste,
talvez num desastre,
quiçá tempestade,
chuva de granizo,
mandinga de tia,
ungüento de feira,
um resto de mar.
Que faço? Te espero?
Te deixo passar?
Te castro, te engulo,
te aborto, te cuspo...
qual nada, vacilo!
Se penso, desisto,
se intento, me amanso,
sou pouco demais
com tempo de menos,
achei ter virtude,
pensei te encantar:
– Já era! Já era!
De tudo que faço,
de ontem, de hoje,
só fica o desejo,
mas esse é tão besta
que chego a te ver
casada comigo.

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