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domingo, 2 de março de 2014

Soneto por amar demais




         Amo demais, mas nunca fui de amar.
         Encanto-me pouco, entrego-me menos,
         Canto, sereno, o essencial do tempo,
         Procuro no porto a razão do mar...

         Amo demais, que já nem sei parar.
         E esse amor vem demasiado intenso,
         Solúvel em sonho, óculos pensos,
         Peitos de louça, coxas de alforjar.

         Perco-me, às vezes, por poucos segundos,
         Por essa piçarra serpentinosa
         E fronteiriça de carne instintiva.

         Nesse vulto, sincopado e fecundo,
         decomponho desejo em rima e glosa,
         sinto o corpo sangrar em alma viva.
         

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