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domingo, 28 de abril de 2013

sozinho


Estar sozinho, finalmente,
não é maior que o ser doente
que sem dó abandona o ente
à sorte dos mundos.

Estar sozinho, quem sabe,
faz sarar muito pouco o que cabe
num olhar magro que desabe
sobre a infértil esperança.

Estar sozinho, por certo,
é pouco ante o estar-se perto
de quem se espreme num deserto
de preconceitos vãos.

Estar sozinho, que seja,
não cala a voz que deseja
gritar pela fome e peleja
contra a mão que só esmaga.

Estar sozinho, por ora,
ainda descasca antigas memórias,
deixa no bolso o que se fez outrora,
sem nomes e faces.

Estar sozinho, de novo,
melhor colher as crenças do povo,
triste fé no que é renovo,
tempo de imprecisão.

Um comentário:

  1. Sempre que o vejo falar em solidão, instantaneamente me pego com uma inveja involuntaria, porém inevitável. Depois de tudo que venho enfrentando, não posso mais negar: estou com preguiça de me relacionar. Cansada de todo o tempo empregado em amizades sem retorno, da dedicação a amores falidos, do gastar das palavras com quem nem sabe o que significa ouvir... Enfim... Depois de um tempo, você passa a entender aquele ditado que a mãe praticamente praguejava: Antes só, do que mal acompanhada!

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