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quarta-feira, 24 de abril de 2013



Por onde anda meu filho,
Aquela criatura minguante, quase transparente,
Que por capricho dei de pôr no mundo,
Que me coube desesperadamente, um dia,
Na palma da mão?
Que é feito da coisica que reverenciava a imaginária plateia 
Antes da tripla pirueta mortal,
Quando fazia da cama de casal
Sua piscina olímpica?
Estará atrás da porta a atocaiar os passos dormentes
Dos dias cansados e das noites?
Estará maquinando cavalgar estradas a fio,
Sem dó nem piedade, confortavelmente escanchado
No colo lívido?
Onde descansa a mãozinha serena
Que antes se aninhava, como por instinto,
No peito tísico?
Não me diga – Tudo menos isso! –
Não me venha com essa que cresceu,
Que as antigas imagens empalideceram,
Que as vozes de sempre enganaram os sentidos!
Não, meu filho está aí,
Pequeno e empalitado, como deveria sê-lo,
Que seus braços e pernas esticaram qual jequitibá,
Que suas palavras afiaram-se que nem navalha,
Mas de tudo sobrou uma verdade:
Apesar de toda a veleidade,
O que é dele ainda me cabe
Na palma da mão que mendiga,
Na parte do peito que arde...

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