Amigos leitores que por aqui já passaram

sexta-feira, 5 de outubro de 2012


Palavras ainda existem.
O que não encontro são as familiares alpercatas,
os indícios de movimento pelos corredores,
a grisalha partitura, a voz.

Palavras ainda insistem.
Faltam-me as horas leves do recomeço,
as cordas do violão sem ferimentos,
o marasmo das fantasias vãs, o silêncio.

Palavras ainda escorrem.
Sombras são os entes de amanhã,
a matéria que extingue a aflição dos ossos,
a carne viva dos porta-retratos, a memória.

Palavras ainda invadem.
O espelho é a antiga sinuosidade do corpo,
a alvura dos passos na calçada alta,
a leva de reminiscências sem data e jornal, a crença.

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