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domingo, 11 de abril de 2010

SONETO DO AMOR ANDRAJOSO

Quando, em tudo, espanto não mais havia
e as faces modorrentas se engelhavam,
a flor sem zelo de que me falavam
irrompe estúpida, por picardia.

Era torpe, decerto, e fugidia,
antítese de todos que a miravam,
alimentada pelos que a negavam,
descrente do tempo, apenas sorria.

Porém nesse sorriso exasperado,
cercado de delicada amargura,
mas eivado de uma turva esperança,

mirei, em mim, o que se fez sagrado:
na indecência daquela criatura
colho o sol, sem medo, feito criança!

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