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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Bastasse escrever um poema lírico
dos amores pousados nos telhados
Bastassem os olhos pelas venezianas,
descolorir as horas, suster a saudade.
Bastasse a bússola do sorriso
no desabrocho de alguma delicadeza.
Bastasse o impressentido da palavra,
lastro do que se foi e não passa.
Bastasse a recriação das horas audíveis:
cada átimo enferruja os gemidos.
Bastasse uma vez mais o face-a-face
e a promessa – um antigo retrato da memória.
Bastasse uma sonata definitiva,
um desejo que se imiscui e alastra.
Bastasse um sutil encalhe, a tempo,
pelas intempéries da face.
Bastasse esse vão aberto no peito
margeando o campo e uma rosa breve.
(Que asas asseguram a canção nos telhados?).

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