Amigos leitores que por aqui já passaram

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Lundu



Inda me tenho menino,
desses bem pequeninos,
na porteira do curral.

O gado mói vicejante,
boi de olho cintilante,
que o céu deu de pingar.

Meu amor tem a cor
da piçarra molhada,
do café guardado em lata,
da cacimba, do floral.

Meu amor tem a dor
das noites do interior,
das estórias do avô,
do escuro do quintal.

Meu amor tem a voz
do golinha, do campina,
do açude na neblina,
do grilo no milharal.

Meu amor tem a foz
no pranto do pai ausente,
no suor incontinente,
no banho rudimental.

Meu amor não acredita
quando bendigo do boi
que cintila pela chuva.

É que, no olho do tempo,
inda me sinto menino
por causa do meu amor.



Nenhum comentário:

Postar um comentário