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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Poema de amor (A Vinícius de Moraes)


a carta de amor que nunca escrevi
resguardaria em letras caligráficas
cheiros sabores sortes
a baixa imunidade da infância
teu olhar de mãe interessado dócil
o joelho intumescido da queda
a mansidão da ponta de teus dedos curativos
nas tolas investidas juvenis contra a solidão
estarias lá vestida de rosa
a própria inocência cativadíssima enlevada
marcharíamos carreira furiosa
à beira do rio o lábio faz-se abrir
eclode a vida
a vida ao teu lado
a vida prometida
estável perene bem-aventurada
os filhos as cartas as letras
as mesmas letras caligráficas
fizeste-me apreciar a dor da beleza
arrebol aprimoramento
és existência
intervalo feraz de mim a mim
ponteiros subsistem por teu nome
simples sem afetação
chamo-te amor por carência do vernáculo

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