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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Ode a Fortaleza


Fortaleza, o que guardas em teus muros de areias branquinhas
e ondas cravejadas de gentes?
Enquanto fores tantas, inclusive Iracema é um de teus nomes, 
nunca saberão por que suportas o deserto,
a imperfeição de teus entes, a criança que te brinca de bilas e pião,
o senhor em bigodes reclamando o pão-de-milho, manhãzinha,
ou a tapioca; e, se aponto o dedo e disparo uivos mil,
é que sou teu rebento, e tua mão é carinhosa demais,
calorosa, a mais calosa, 
que quase não se vê a linha do destino.
Fortaleza, casa comigo, dá-me um Moacyr,
faz de mim tua sentinela!
Da mãe gentil, és a filha rebelde, morena praiana,
vestido curto, saracoteando pela orla
à procura de um desbravador...
Fortaleza, ai que vontade de chamar-te minha,
mas és tantas! 
Deixa-me segurar na barra de teu suntuoso vestido, 
que sou teu amante ontem, tua guarida amanhã.
Hoje sou cada pedaço de rara beleza e miséria ambulante
que faz de ti terra de meu peito.
Em ti, Fortaleza, sepultei meu coração!

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