Véspera de Natal. Sinal fechado. Trânsito caótico. Uma mulher no conforto de seu automóvel foi abordada por um menino. O olho do pequeno estirou-se. Nada de mais, senão pelo fato de o garotinho andrajoso arfar e latir, simulando um cão.
- Que gracinha de cachorrinho!
- Moça, me dá um trocado de Natal?
- Claro! Pegue...
O menino já mirava outro carro, quando a mulher, sem resistir à curiosidade, indagou:
- Por que a imitação de cachorro?
- A moça tem cachorro?
- Sim.
- Quantas vezes ele come por dia?
- Três.
- E quando ele fica doente?
- Levo ao veterinário imediatamente.
- Ele dorme na rua?
- Não, dorme em um colchãozinho térmico.
- Quantas vezes a moça já bateu nele?
- Nunca.
- E a moça ainda pergunta por que eu quero ser cachorro!
O menino sai correndo à cata de outro carro. Arfava e latia como nunca se viu. Satisfeita a curiosidade, a mulher cumpre seu destino. Toda criança, pensa ela, devia imitar cachorrinho. Fica bem mais fácil ganhar trocado. E ela se vê inundada pelo espírito de Natal.
As pessoas doam mais amor aos animais porque desse amor não surge responsabilidade. O bichinho corresponde mas não cobra .
ResponderExcluirUm certo cantou já bradou "troque seu cachorro por uma criança pobre..." Rock das Cachorras...
ResponderExcluirMuito bom seu texto.