Amigos leitores que por aqui já passaram

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Cio das horas

          entro em casa alheia, estrangeira,
          e, por agravo, procuro as horas,
          não as que se marcam em rangeres,
          mas as que se escondem

          nos móveis, nas fotografias, nas pálpebras;
     
          os ponteiros longilíneos, renitentes,
          esquivam-se de mãos engelhadas
          e marcam, sem mormaço, os traços pétreos
          das palmas imperitas!
     
          capturo um minuto em cio,
          e dele faço revelar um vulto:
          cheiro doce de café em fogo de lenha,
          passado puro, aroma de mãe.

          deixo-o partir em cardume
          para cumprir sua sina temporã:
          nesse minuto, feito rastro de cobreiro,
          uma rosa antiga me acolhe e cinge...

          


         
     

Um comentário:

  1. És aprendiz temporão podando sentimentos e uma rosa! Teus poemas são sempre belos e profundos. Sinto até receio em comentar diante de tamanha profundidade.

    ResponderExcluir