Às quatro, as horas pararam
no engalhamento das mãos,
arcanjos que me guiaram
pelo entrecruzar dos vãos.
Às quatro, o peso das coisas,
súbito, pôs-se a galope:
sua simples presença açoita
a mansidão do abandono.
Às quatro, fez-se vivente
no imaginário (uni)verso
eivada das indecências
derramadas sobre o tempo.
Às quatro, cravou a língua
nas ancas das solidão,
escarnando cada fímbria
dos ponteiros e dos nãos.
Às quatro, lúcida ou lúcifer,
enlanguesceu-se espantada,
que as ternas horas das núpcias
por tão pouco se findavam.
Às quatro, nas longas horas,
se não reparei seu grito
pelas noites belicosas,
é que fingi, por instinto.
Às quatro, restou-me a lápide
branda do porta-retrato –
imperfeição que não passa
pelo tempo, sempre às quatro.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
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