A Linhares Filho
Tuas cãs em feérica lida
a captar a essência das coisas
e dos seres,
tuas tímidas mãos na moldura verde
a coser vocações no etéreo
olhar dos que, por arrebatamento,
seguem pelos meandros de tua
madura topografia.
Tua nau ainda em desbravo
singra a vida em pulsante faina
que a Poesia, tabernáculo do Ser,
orienta,
em teu peito emerge, lavra e hino,
o grato torrão lavrense, Pasárgada
de rio, alazão e saudade.
Em teu engelhado toque,
inventas um tempo, insumo memorial
de um mundo que recuperas
e colhes.
És presença em Pessoa,
companheiro do alquimista,
de Trás-os-Montes a Lavras
vais em um cavalgamento.
Quando em inexato espaço,
tornas-te ente e preso
no mar ou sótão, no halo ou cio,
no velejar onírico de teu presente
jamais ausente de teu passado.
Transfiguras o simplório, o intelecto
em festa, e em tua modernidade
guias-te pelo farol dos que antes de ti
cumpriram tantas míticas jornadas.
Tua invocação poética, teu talmude,
tua erudição inflexiva, tua apreensão de mestre –
tudo-nada amalgama Ser e Coisa.
Se reinventares, se doares, se ensinares,
apenas se, Linhares.
* Sei que esse texto já foi exposto no blog, mas resolvi reapresentar porque estou muito contente pelo fato de esse poema estar presente no livro "No limiar do inverno", de Linhares Filho. Às vezes, as coisas valem a pena.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
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Que alegria, Sinval! Meus parabéns! Fico muito feliz por você. Saudade!
ResponderExcluirRenata, obrigado. Seus comentários são grandes incentivos.
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