Amo demais, mas nunca fui de amar.
Encanto-me pouco, entrego-me menos,
Canto, sereno, o essencial do tempo,
Procuro no porto a razão do mar...
Amo demais, que já nem sei parar.
E esse amor vem demasiado intenso,
Solúvel em sonho, óculos pensos,
Peitos de louça, coxas de alforjar.
Perco-me, às vezes, por poucos segundos,
Por essa piçarra serpentinosa
E fronteiriça de carne instintiva.
Nesse vulto, sincopado e fecundo,
decomponho desejo em rima e glosa,
sinto o corpo sangrar em alma viva.
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