Inda me tenho menino,
desses bem pequeninos,
na porteira do curral.
O gado mói vicejante,
boi de olho cintilante,
que o céu deu de pingar.
Meu amor tem a cor
da piçarra molhada,
do café guardado em lata,
da cacimba, do floral.
Meu amor tem a dor
das noites do interior,
das estórias do avô,
do escuro do quintal.
Meu amor tem a voz
do golinha, do campina,
do açude na neblina,
do grilo no milharal.
Meu amor tem a foz
no pranto do pai ausente,
no suor incontinente,
no banho rudimental.
Meu amor não acredita
quando bendigo do boi
que cintila pela chuva.
É que, no olho do tempo,
inda me sinto menino
por causa do meu amor.
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