construí uma choupana,
palha, taipa e coração:
caluje, choça, palhoça,
coberta de solidão.
os tenros raios de sol
das manhãs do interior
são caminhos de piçarra
entre sonhos e torpor.
a tarde vem perigosa,
carregada de desejos,
a colher as longas horas,
a regar o que sobejo.
brotou aqui uma rosa
que não nasce todo dia,
despetalada, sem vida,
espinhenta e arredia.
cuidei da rosa, coitada,
dei-lhe água e mantimento,
podei as partes cansadas,
provi-lhe todo o sustento.
a rosa, toda faceira,
já dona do meu jardim,
depois que sarou de tudo,
quis se aproveitar de mim.
apaixonado e servil,
não tive como enxergar,
que a rosa, depois de boa,
só queria me explorar.
até que numa manhã,
de uma relva caridosa,
fui tratar com a danada,
mas não havia mais rosa.
de tudo, restou um breu,
um laço, um lampejo, um nó,
uma pétala sem dona,
a pobre choupana e só.
Ai, que bonitinho!!!
ResponderExcluirAi, que bonitinho!!!
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