a casa é longe agora,
entretecida de taquaras,
tabiques espessos, argamassa em taipa,
nem joão-de-barro, arquiteto nato,
sonharia erigir, que em sonho
não se ergue casa assim.
a casa de longe
parece morada de gente, de bicho,
som de passarinho, viola e latido,
tudo é de papel, sofá-papel, mesa-papel,
espelho-papel: o dia comum,
o açude verde, o jitó olho-d'água.
a casa de outrora
avermelhou-se na distância,
armou rede na parede quebradiça,
rangeu pelo íntimo da noite
um ranger de tanger o juízo,
de britar o tempo na moenda do engenho.
a casa de antigamente
meou-se de repente, acidulce, terra e pão,
piçarra molhada e batida, rosto de cimento queimado;
distanciei-me não por acaso ou morte,
que sou feito a taboca entrelaçada no barro:
o fado da casa é dizer adeus.
Você sempre impressionando com as palavras..
ResponderExcluirComo muitos outros textos seus, está ótimo. *-*