Por onde anda meu filho,
Aquela criatura minguante, quase transparente,
Que por capricho dei de pôr no mundo,
Que me coube desesperadamente, um dia,
Na palma da mão?
Que é feito da coisica que reverenciava a imaginária plateia
Antes da tripla pirueta mortal,
Quando fazia da cama de casal
Sua piscina olímpica?
Estará atrás da porta a atocaiar os passos dormentes
Dos dias cansados e das noites?
Estará maquinando cavalgar estradas a fio,
Sem dó nem piedade, confortavelmente escanchado
No colo lívido?
Onde descansa a mãozinha serena
Que antes se aninhava, como por instinto,
No peito tísico?
Não me diga – Tudo menos isso! –
Não me venha com essa que cresceu,
Que as antigas imagens empalideceram,
Que as vozes de sempre enganaram os sentidos!
Não, meu filho está aí,
Pequeno e empalitado, como deveria sê-lo,
Que seus braços e pernas esticaram qual jequitibá,
Que suas palavras afiaram-se que nem navalha,
Mas de tudo sobrou uma verdade:
Apesar de toda a veleidade,
O que é dele ainda me cabe
Na palma da mão que mendiga,
Na parte do peito que arde...
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