Faltou-me coragem
para simplificar o que em mim ardia.
Não que pensasse sobreviver
sem as acácias e aroeiras sobressaltantes do amparo que me prenunciaste.
Antes justificava reentrâncias e degredos,
mas agora, depois de o peito à mostra,
o que se tem é o profundo desejo
de uma demorada e eficiente ausência
que nos prolongue a imagem antiga
de dois inexperientes à deriva.
Certa vez, declarei meu amor
polindo-te a moldura.
Sequer me dei conta dos gemidos
inconfessos no vidro polido.
Amor, espelho de carne, caixilho de ossos
e reminiscências,
vontade irreprimida de, enlevado,
enganar os sentidos,
tornar-se a si e ao outro
ser e miragem.
.
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