sábado, 29 de maio de 2010
Menino-palito-sem-paliteiro
A João, meu filho.
Era água tanta, que alguns, em desatino,
chegavam a arrancar as próprias asas
porque lhes servissem de embarcação.
Menino-palito liga para chuva?
Admirava-se dos clarões,
das estrondosas estripulias dos trovões.
Tocou nele a mão materna, e descobriu as plumas do mundo;
dedos tão pingo-de-chuva
a cobrir-lhe o parco tronco:
a chuva e o colo faziam resguardo.
Menino-palito fez a chuva rasgar a janela,
sentiu sem nunca ter sentido,
os pingos perfuravam-lhe a face
e gargalhou com vontade.
O que assustou foi quando, no céu,
abriu-se um vão,
rompendo uma fiada azul:
tudo tem seu tempo de ir e vir.
Chorou sem que ninguém notasse.
É que gente também chove.
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Owtin *-* Que papai coruja!
ResponderExcluirTão lindo e fofo o poema, aposto que o João tem orgulho de seu pai.
Barbara Queiroz